5 poemas do livro “Bosque branco” de Maria Azenha

editora Urutau
2 min readDec 6, 2020

Bosque Branco (editora Urutau, 2020)

Maria Azenha (Coimbra, 1945) fotografia de M. Céu Costa

*
Um bosque
Um barco

A lembrança do vento
O voo de um pássaro

Um número de ouro por toda a parte.

*
Vem. Finge-te louco.
Sou uma pequena ave a tremer no teu peito.

*
Vi Deus decapitar as árvores do mundo.
E nós, Amor, ficámos nus.

O Anjo da Solidão saberá revoltar-se
Revelando os nossos vultos.

*
Onde se ocultam as nossas lágrimas
Há um lugar onde se avistam altas montanhas.

A nossa boca, coberta de neve, continua a pedir água.

*
É chegado o reino das crianças.
Toma-me em teus braços e escandaliza os homens.

Maria Azenha

Nasceu em Coimbra.

Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra. Exerceu funções docentes nas Universidades de Coimbra, Évora e Lisboa e na Escola de Ensino Artístico António Arroio.

Escritora. Membro da Associação Portuguesa deEscritores (APE).

Dentre suas inúmeras obras e representações em Antologias, nacionais e estrangeiras, encontram-se alguns dos seguintes títulos:Folha Móvel; Pátria d’água; A lição do vento; O último rei de Portugal; O coração dos relógios; Concerto para o fim do futuro; Poemas de intervenção e manicómio (P.I.M.); Poemas ilustrativos da pintura de Valdemar Ribeiro; Nossa Senhora de Burka; Poemas ilustrativos de “De Camões a Pessoa- Viagem Iniciática”; A chuva nos espelhos; O mar atinge-nos; De amor ardem os bosques; A sombra da romã; Num sapato de Dante; As Mãos no Fogo; A Casa de Ler no Escuro e Xeque-Mate.

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